O Sistema Braille e a formação do professor: o acesso à leitura e a escrita por pessoas cegas
Keywords:
Formação de Professores. Sistema Braille. Pessoas Cegas.Abstract
Esse trabalho tem como objetivo discorrer acerca da leitura e escrita para pessoas cegas e sua importância para o acesso à informação, corroborando a necessidade de investimento na formação do professor. Foi feita uma pesquisa bibliográfica utilizando-se materiais em Braille, digitalizados ou artigos científicos online. A literatura apresenta que a alfabetização em Braille proporciona a autonomia intelectual, sendo um recurso essencial na formação da pessoa cega. O professor deve atentar às peculiaridades do sistema Braille para que o ensino-aprendizagem seja satisfatório. A educação das pessoas com deficiência visual não pode ser apenas definida pelo padrão adotado pela visão, pois “enxergar” implica em perceber também os estímulos táteis. Conclui-se que as pessoas que enxergam aprendem a lidar com diversas situações corriqueiras, observando o ambiente e relacionando-se com os outros e com a informação e que é preciso possibilitar essas experiências também à pessoa que não enxerga. O aprendizado do Braille cumpre o papel de inserir a pessoa cega no mundo das palavras e na formação do pensamento abstrato, ampliando o repertório conceitual e tornando-a mais autônoma. A impossibilidade de desempenhar esses papéis pode tornar a pessoa cega insatisfeita e isolada o que trará prejuízos ao seu desenvolvimento e participação social.
References
ALMEIDA, M. G. S. Alfabetização da Pessoa Cega. In: SIMPÓSIO BRASILEIRO SOBRE O SISTEMA BRAILLE, 1., 2001, Salvador. Anais [...]. Salvador: MEC, 2001.
ASSOCIATED PRESS. Fewer blind Americans learning to use Braille. [site] NBC News. 2009. Disponível em: http://www.nbcnews.com/id/29882719/ns/us_news-life/t/fewer-blind-americans-learning-use-braille/. Acesso em: 8 nov. 2019.
BARBOSA, J. J. Alfabetização e Leitura. São Paulo: Cortez, 1990.
BORGES, J. A.; PAIXÃO, B. R.; BORGES, S. Projeto Dedinho: alfabetização de crianças cegas com ajuda do computador. Rio de Janeiro: UFRJ, 2002. (Projeto DOSVOX. Núcleo de Computação Eletrônica da Universidade Federal do Rio de Janeiro). Disponível em: http://intervox.nce.ufrj.br/dosvox/textos/dedinho.doc. Acesso em: 8 nov. 2019.
BRASIL. Lei nº 13.146, de 6 de julho de 2015. Institui a Lei Brasileira de Inclusão da Pessoa com Deficiência (Estatuto da Pessoa com Deficiência). Brasília, DF, [2015]. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/CCIVIL_03/_Ato2015-2018/2015/Lei/L13146.htm. Acesso em: 8 nov. 2019.
BRASIL. Ministério da Educação. Política Nacional de Educação Especial na perspectiva da Inclusão. Brasília: MEC, 2008. Disponível em: http://portal.mec.gov.br/arquivos/pdf/politicaeducespecial.pdf. Acesso em: 8 nov. 2019.
BRASIL. Ministério da Educação. Normas Técnicas para a produção de Textos em Braille. Brasília: MEC/Secretaria de Educação Especial, 2002a.
BRASIL. Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação. Portaria MEC nº 2.678, de 24 de setembro de 2002. Aprova o projeto da Grafia Braille para a Língua Portuguesa e recomenda o seu uso em todo o território nacional. Brasília, DF: MEC/FNDE, [2002b]. Disponível em: https://www.fnde.gov.br/index.php/acesso-a-informacao/institucional/legislacao/item/3494-portaria-mec-n%C2%BA-2678-de-24-de-setembro-de-2002. Acesso em: 8 nov. 2019.
CAMARGO, E. P.; NARDI, R. O emprego de linguagens acessíveis para alunos com deficiência visual em aulas de óptica. Revista Brasileira de Educação Especial, Marília, v. 14, n. 3, p. 405-426, set./dez. 2008. Disponível em: http://dx.doi.org/10.1590/S1413-65382008000300006. Acesso em: 8 nov. 2019.
COLL, C. A construção do conhecimento no âmbito das relações interpessoais e suas implicações para o currículo escolar. In: COLL, C. Aprendizagem escolar e construção do conhecimento. Porto Alegre: Artes Médicas, 1994.
DIAS DE SÁ, E. SIMPÓSIO SOBRE O SISTEMA BRAILLE, 1., 2001. Palestra. Salvador ,14 set. 2001.
FREIRE, I. M. Olhar sobre a criança: estudo exploratório da criança vidente e não-vidente de dois anos de idade. 1995. Tese (Doutorado em Psicologia) – Instituto de Psicologia, Universidade de São Paulo, 1995.
GARCEZ, L. Técnica de redação: o que é preciso saber para bem escrever. São Paulo: Martins Fontes, 2002.
GISELE, C. A leitura é uma aliada poderosa do desenvolvimento pessoal. E faz diferença quando o assunto é inclusão. 2007. Rede Saci. Disponível em: http://saci.org.br/index.php?modulo=akemi¶metro=19887. Acesso em: 16 abr. 2015.
GRIFIN, H. C.; GERBER, P. J. Desenvolvimento tátil e suas implicações na educação de crianças cegas. Revista Brasileira para Cegos, Rio de Janeiro (Instituto Benjamin Constant), n.5, 1996. Disponível em: http://www.ibc.gov.br/images/conteudo/revistas/benjamin_constant/1996/edicao-05-novembro/Nossos_Meios_RBC_RevDez1996_Artigo1.doc. Acesso em: 8 nov. 2019.
INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATÍSTICA [IBGE]. Censo Demográfico 2010: Características gerais da população, religião e pessoas com deficiência. Tabelas. Brasília, 2010. Disponível em: https://www.ibge.gov.br/estatisticas/sociais/populacao/9662-censo-demografico-2010.html?edicao=9749&t=sobre. Acesso em: 8 nov. 2019.
JESUS, P. S. Inclusão ponto a ponto: a inclusão social da pessoa com deficiência visual através da produção escrita. Paraíba: [s.n], 2007.
LEMOS, E. R. et al. Louis Braille: sua vida e seu sistema. 2. ed. São Paulo: Fundação Dorina Nowill para cegos, 1999.
LEMOS, E. R.; CERQUEIRA, J. B. O sistema Braille no Brasil. Revista Brasileira para Cegos, Rio de Janeiro (Benjamin Constant), 1999. Mimeo.
LEWIS, I. Access for all: helping to make participatory processes accessible for everyone. Londres: Save the Children, 2000.
MANGUEL, A. Uma História da Leitura. São Paulo: Companhia das Letras, 1997.
MASINI, E. A. F. S. A experiência perceptiva, o corpo e a pessoa deficiente visual. Cadernos de psicologia, Ribeirão Preto (SP), v. 2, n. 1, p. 39-44, 1996. Disponível em: http://cadernosdepsicologia.org.br/index.php/cadernos/article/view/58/49. Acesso em: 8 nov. 2019.
MOSQUERA, C. F. F. Deficiência visual na escola inclusiva. Curitiba: Ibpex, 2010.
MOURÃO, A. J. A Importância do Braille na Educação dos Cegos. 1997. Dissertação (Mestrado em Educação Especial) – Escola Superior de Educação, Porto, 1997.
NUNES, S. S. Desenvolvimento de conceitos em cegos congênitos: caminhos de aquisição do conhecimento. 2004. 287f. Dissertação (Mestrado em Psicologia) – Universidade de São Paulo, São Paulo, 2004.
OLIVA, F. P. Do Braille à braillologia: necessidade de formação braillológica. Lisboa: Comissão de Braille, 2000. Disponível em: http://www.lerparaver.com/braille_braillologia.html#4. Acesso em: 8 nov. 2019.
OLIVEIRA, R. F. C.; CERQUEIRA, J. B. Porque os livros em Braille são necessários?, [site] Vez da Voz, set. 2005. Disponível em: http://www.vezdavoz.com.br/artigos/artigos_braille.html. Acesso em: 1º maio 2015.
OMENA, F. B. Comunicação e linguagem: estudo do Sistema Braille à luz da semiótica. 2009. 38f. Monografia (Trabalho Conclusão de Curso de Comunicação Social) – Faculdade de Educação e Comunicação, Fundação Educacional Jayme de Altavila, Centro de Estudos Superiores, Maceió, 2009. Disponível em: http://www.intervox.nce.ufrj.br/~brailu/fabricia.pdf. Acesso em: 8 nov. 2019.
PIÑERO, D. M. C.; QUEIROZ, F. O.; DÍAZ, F. R. O sistema Braille. In: MARTÍN, M. B.; BUENO, S. T. (Org.). Deficiência Visual: aspectos psicoevolutivos e educativos. [S. l.]: Santos/SP, 2003.
REILY, L. Escola inclusiva: linguagem e mediação. Campinas: Papirus, 2004.
RIBAS, J. Preconceito contra as pessoas com deficiência: as relações que travamos com o mundo. São Paulo: Cortez, 2007.
SÁ, Elizabet Dias de; MAGALHÃES, Maria da Conceição Dias. Alfabetização de alunos usuários do Sistema Braille. [Entrevista cedida a] Leonardo Raja Gablagia. Banco de escola: educação para todos, 2009. Disponível em: http://www.bancodeescola.com/entrevista-rbc-agosto-2008.htm. Acesso em: 8 nov. 2019.
SOARES, C. S. L. Contribuições da teoria de Vygotsky para a alfabetização de adultos. CONGRESSO DE LEITURA DO BRASIL, 15., 2005, Campinas-SP. Anais [...]. Campinas-SP: ALB, 2005. Disponível em: http://alb.com.br/arquivo-morto/edicoes_anteriores/anais15/alfabetica/SoaresConceicaodeSouzaLicurgoSoares.htm. Acesso em: 7 nov. 2019.
SOUSA, J. B. Aspectos Comunicativos da Percepção Tátil: a escrita em relevo como mecanismo semiótico da cultura. 2004. Tese (Doutorado em Comunicação e Semiótica) – Pontifícia Universidade Católica, São Paulo, 2004.
SWENSON, A. M. A process approach to teaching Braille writing at the primary level. Journal of Visual Impairment and Blindness, v. 85, n. 5, p. 217-221, 1991.
VIEIRA, M. S. P. A leitura de textos multissemióticos: novos desafios para novos problemas. Anais do SIELP, Uberlândia, v. 2, n. 1, p. 1-8, 2012. Disponível em: http://www.ileel.ufu.br/anaisdosielp/wp-content/uploads/2014/07/volume_2_artigo_230.pdf. Acesso em: 8 nov. 2019.
VYGOTSKY, L. S. Fundamentos da defectologia. Havana: Pueblo y Education, 1995. (Obras completas, tomo 5).
WIAZOWSKI, J. Can Braille be revived? A possible impact of high-End Braille and Mainstream technology on the revival of tactile literacy medium. Assistive Technology: The Official Journal of RESNA, n. 26, v. 4, p. 227-230, 2014. Disponível em: http://dx.doi.org/10.1080/10400435.2014.928389. Acesso em: 29 jun. 2015.
WITTENSTEIN, S. H.; PARDEE, M. L. Teachers’ voices: Comments on braille and literacy from the field. Journal of Visual Impairment & Blindness, v. 90, n. 3, p. 201-210, May/Jun 1996. (Parte 1 de 2).